Ser mãe é uma das experiências mais transformadoras da vida de uma mulher. É intenso, desafiador, bonito e, ao mesmo tempo, pode ser avassalador. Em meio a tantas mudanças físicas, emocionais e de rotina, é muito comum que a mulher se pergunte: “onde ficou a minha identidade?”.
Neste artigo, vamos conversar sobre o processo de se reconectar com quem você é depois da maternidade. Com empatia, profundidade e sugestões práticas, você vai entender que é possível, sim, voltar a se reconhecer no espelho — sem pressa, sem culpa, e com a ajuda de recursos simples, incluindo a tecnologia como aliada no seu processo de reencontro.
A invisibilidade depois de se tornar mãe
Muitas mulheres, depois que se tornam mães, relatam uma sensação de invisibilidade. Antes, elas tinham uma rotina própria, gostos, hábitos, sonhos individuais. Depois, sentem-se reduzidas ao papel de cuidadora, como se sua existência estivesse completamente fundida à do filho.
Essa sensação não é frescura. É real, legítima e profundamente comum.
A exaustão física, a carga mental, a cobrança social e o bombardeio de expectativas podem fazer com que você esqueça de si. E quando percebe, já não sabe mais o que gosta, o que sonha, o que deseja. Mas há um caminho de volta.
Redescobrir sua identidade não significa abandonar a maternidade. Significa lembrar que você é mais do que isso — e pode ser mãe, mulher, profissional, amiga, filha, artista, atleta, leitora, criadora… tudo ao mesmo tempo, com equilíbrio e autenticidade.
- Dê nome ao que está sentindo
Antes de qualquer mudança, é importante reconhecer como você se sente. Muitas vezes, a gente segue no piloto automático, tentando dar conta de tudo, sem parar para nomear as emoções.
Use a tecnologia a seu favor nesse processo:
- O app Daylio permite registrar o humor do dia e suas atividades. Com o tempo, você começa a perceber padrões emocionais.
- O app Jour guia reflexões diárias com perguntas inteligentes sobre seu estado interno.
- O app Reflectly atua como um diário digital para desabafar, refletir e organizar seus sentimentos.
Comece dedicando 5 minutos por dia para escrever ou digitar o que está sentindo. Não julgue. Apenas observe. Esse é o primeiro passo para voltar a se escutar.
- Crie um espaço (mesmo pequeno) só seu
Seja uma poltrona na sala, um cantinho na varanda ou um banco no quintal — tenha um lugar onde você possa simplesmente ser. Onde você se sente acolhida por si mesma.
Esse espaço não precisa ser físico apenas. Pode ser também uma rotina mental protegida, como 15 minutos diários em silêncio com fone de ouvido e uma playlist calma.
Recursos que ajudam:
- Aplicativos de som ambiente como Noisli, Endel ou Calm
- Rotinas programadas na Alexa como “modo pausa”, que ligam a luz ambiente, iniciam uma playlist e silenciam notificações
- Aplicativos de journaling com lembretes, para te lembrar de se escutar
Seu espaço é onde você se reconecta. E toda mulher merece um.
- Faça um inventário de si mesma
É muito comum esquecer do que a gente gostava antes da maternidade. Por isso, um exercício poderoso é criar um “inventário da sua identidade”.
Com um app de anotações (como Google Keep, Notion ou Evernote), responda:
- Quais eram suas paixões antes de ser mãe?
- Que tipo de música te fazia dançar sozinha?
- Qual foi o último livro que te prendeu por horas?
- O que te dava prazer quando ninguém estava olhando?
Você pode montar uma lista chamada “Coisas que me lembram de mim” e ir preenchendo aos poucos. Isso ajuda a reconstruir sua identidade por camadas — e mostra que ela sempre esteve ali, mesmo adormecida.
- Resgate um hábito antigo (ou crie um novo)
Você não precisa mudar sua vida em uma semana. Comece pequeno. Escolha uma coisa que te fazia bem — e traga de volta, adaptando à sua nova realidade.
Exemplos:
- Se você amava escrever, crie uma newsletter pessoal no Substack só pra registrar pensamentos.
- Se gostava de dançar, monte uma playlist no Spotify chamada “Eu danço sozinha” e dance enquanto faz o jantar.
- Se amava fotografia, use o app Canva para editar fotos do seu dia e montar colagens visuais da sua vida real.
A ideia não é voltar a ser quem você era antes. É se tornar uma nova versão, que honra a mãe que você é — e a mulher que continua existindo aí dentro.
- Busque inspiração (mas com critério)
As redes sociais podem ser fonte de apoio — ou de frustração. Tudo depende de como você escolhe usar. Siga mulheres reais, que falam de maternidade com humanidade, que compartilham seus altos e baixos, e que mostram que é possível ser múltipla.
Perfis que você pode buscar:
- Criadoras de conteúdo que falam sobre saúde mental materna
- Mulheres que empreendem depois da maternidade
- Canais no YouTube com vlogs de rotina leve e real
- Podcasts como “Mamilos”, “Afetos” ou “Bom dia, Obvious”, que tratam de identidade, autocuidado e reflexões femininas
Use o algoritmo a seu favor. Quanto mais conteúdo consciente você consome, mais ele te entrega isso.
- Use o tempo ao seu favor (mesmo que ele pareça escasso)
Você não precisa de uma hora inteira por dia pra se cuidar. Comece com o que você tem: 10 minutos aqui, 15 ali.
Dicas para encaixar você na rotina:
- Ao amamentar, ouça um audiobook com temas que te inspiram
- Durante o banho, escute uma playlist só sua com fones
- Ao arrumar a casa, faça disso um momento meditativo, com atenção plena
- Antes de dormir, abra seu app de journaling e escreva uma linha: “Hoje eu fui…”
Apps que ajudam:
- Blinkist: resumos de livros em áudio
- Spotify: playlists personalizadas com base no seu humor
- Insight Timer: meditações rápidas de 5 a 10 minutos
Você não precisa parar o mundo pra se reconectar. Basta apertar o “play” no momento certo.
- Peça ajuda e crie rede
Ninguém se encontra sozinha. E não há vergonha nenhuma em pedir ajuda. Converse com outras mulheres, procure rodas de conversa, fóruns online, grupos de apoio, até mesmo sessões de terapia online.
Canais para se apoiar:
- Zenklub: terapia e autoconhecimento com psicólogos e coaches
- Mãe Fora da Caixa (Instagram e YouTube)
- Tem grupo pra isso? – redes de apoio materno online
- Aplicativos como Peanut conectam mães com interesses em comum
Você não é menos forte por precisar de suporte. Você é humana. E isso é bonito.
- Estabeleça pequenos rituais de reconexão
Um ritual é uma ação simbólica, repetida, que te lembra do que é importante. Pode ser acender uma vela com um aroma específico enquanto escreve no celular. Pode ser uma música que você só ouve quando quer pensar na vida. Pode ser a rotina de cuidar da pele com intenção, sem pressa.
Crie seus próprios rituais:
- Segunda: café com frase inspiradora (use o app I Am)
- Quarta: banho demorado com playlist de quando você tinha 20 anos
- Domingo: escrever 3 coisas que gostou em si mesma na semana
Esses rituais viram âncoras — e te puxam de volta pra você mesma.
- Reescreva sua história, um parágrafo por vez
Identidade não é algo fixo. É uma construção. E você pode (e deve) reescrevê-la quantas vezes for preciso.
Use seu app de notas favorito, ou crie um diário digital no Notion, e escreva:
- Quem você foi
- Quem você é hoje
- Quem você está se tornando
Crie uma página chamada “Minha nova biografia” e vá atualizando com frases que te definem agora. Isso ajuda a criar uma imagem mental de si que não está presa ao passado — mas sim à evolução.
Conclusão magnética: você não se perdeu, só se transformou
Depois da maternidade, não é que você desapareceu. É que nasceu uma nova versão de você — mais forte, mais intuitiva, mais sensível. E talvez mais confusa também. Mas confusão é parte da reconstrução.
Redescobrir sua identidade é como montar um quebra-cabeça emocional. E a cada pedacinho recuperado — um hábito, uma lembrança, uma sensação — você volta a se sentir inteira.
Aqui na Opinadora, a gente acredita que ser mãe e ser mulher não são opostos. São camadas. E com carinho, tempo e as ferramentas certas, você pode se encontrar de novo.
Comece com um gesto. Uma playlist antiga, uma frase escrita, uma conversa sincera. Você ainda está aí. E está pronta pra se reencontrar.